Todo mundo fala mal de Madonna. Dizem que ela é cafajeste, vulgar, mercenária, despudorada, ambiciosa, exibicionista. Mas ao mesmo tempo é adorada e idolatrada no mundo inteiro, nem adianta discutir: Madonna é a figura feminina mais importante dos últimos tempos. Ok, uma das mais importantes.

Ela era gordinha, baixinha e sem-graça; com a voz fraca e dançando apenas razoavelmente, resolveu virar a vida pelo avesso, fazer sucesso e ganhar dinheiro. A voz ficou possante, os músculos cresceram, a dançarina explodiu. Tudo à custa de uma vontade de ferro, muito trabalho e uma ousadia sem limites. Madonna sempre foi insolente: quis ser livre, e conseguiu.

Se foi tudo planejado, se houve apenas a tal da jogada de marketing, se ela foi apenas atrevida, fazendo o que lhe passava pela cabeça, quem vai saber? Ignorando qualquer regra convencional tipo “cuidado, vai ficar careca”‘, pintava os cabelos a cada semana. E, imitando os travestis, que ela tanto adora, devolveu às mulheres a liberdade sem limites de seduzir, se exibindo em lingeries que até então só eram usadas nos boudoirs por prostitutas. Também se recusou a ser uma única mulher a vida inteira. Escolhe quem quer ser a cada dia e vai em frente. Ponto para ela.

Madonna brinca com coisas que, ficou combinado, devem ser levadas a sério, sempre muito a sério – pelas mulheres, claro; sexo, por exemplo. E se diverte, ah, como se diverte. Madonna não se droga; é obsessiva, viciada em trabalho e uma empresária de primeira. Uma mulher verdadeiramente moderna, ela conseguiu a coisa mais importante no mundo de hoje: ser competente e ganhar dinheiro.

Afinal, qual foi a revolução de Madonna? Com muito bom humor pior, às gargalhadas -, ela teve a coragem de fazer tudo que sempre foi permitido aos homens e proibido às mulheres. Exemplo? quando os jornais disseram que ela saía para escolher seus homens na rua, pelo critério da beleza física, e pagava pela companhia, foi um escândalo, mas ela nem perdeu tempo em desmentir; não que as mulheres nunca tenham feito isso. Sempre fizeram, mas só através do casamento.

Madonna nunca bancou a vítima, nem perdeu tempo reclamando da divisão das tarefas do lar. Em lugar de tentar trazer os homens para a cozinha, desceu e foi brigar na arena que antes era só deles: a rua, onde sempre reinaram sozinhos… Você acha que uma moça decente não faz isso? Então deve achar que um homem decente também não faz. Ah, homem é diferente? Então, pode voltar e começar a ler tudo de novo e, desta vez, prestando mais atenção.

Na luta pela igualdade dos sexos, ninguém fez mais do que ela, e, para piorar as coisas, ganhou dinheiro, muito dinheiro: fica difícil perdoar Madonna. Terá ela, um dia, se apaixonado? Largaria tudo por amor a um homem? E esse homem, ele existe? Madonna é uma mulher absolutamente só, como são sós as mulheres que rompem a barreira de sua própria condição para existirem plenamente. Ela sempre soube que todas as pessoas do mundo nascem e morrem sozinhas, e nunca teve ilusões.

As mais jovens intuem, as mais velhas morrem de inveja, os homens não levam a sério. Se tivessem liberdade para ao menos pensar, iam admitir, até mesmo eles: quem não gostaria de ser Madonna, ao menos por um dia?
Madonna: a mulher mais livre que existe.

Texto de Danuza Leão, publicado em seu Danuza Todo Dia.

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Todo mundo fala mal de Madonna. Dizem que ela é cafajeste, vulgar, mercenária, despudorada, ambiciosa, exibicionista. Mas ao mesmo tempo é adorada e idolatrada no mundo inteiro, nem adianta discutir: Madonna é a figura feminina mais importante dos últimos tempos. Ok, uma das mais importantes. Ela era gordinha, baixinha e...