A primeira coisa que se espera de um amor é que ele dure para sempre. Com ou sem casamento – de preferência com -, num amor de verdade se colocam todas as fichas para que ele seja, no mínimo, eterno.

Mas existe um tipo de amor que já nasce predestinado à separação: é o amor de uma mãe por um filho. Elas sabem que um dia ele vai se apaixonar por uma mulher com a qual terão não só de conviver como de gostar – por amor a ele. Faz sentido? Claro que não.

Durante anos, a figura mais importante da vida de um menino é a mãe; se fosse possível, ele gostaria que ela jamais saísse de perto, dia e noite, só tendo olhos para ele.

Só que o tempo passa, as coisas mudam, um dia aparece a primeira namorada, e a mãe – aquela que era a única sobre a terra – passa a ocupar um lugar secundário na escala de afetos do seu amado filho.

Se o namoro está indo bem, ele não pára em casa e mal tem tempo de trocar um alô – conversar, nem pensar. Se o namoro vai mal, pior ainda: ele se tranca no quarto e não quer saber de falar com ninguém, muito menos com ela, a mãe, a culpada, já que desde o primeiro dia foi contra o namoro (contra esse e contra todos, aliás).

Morta de ciúmes, a mãe observa como ele trata bem a namorada – todas elas; é para ela o melhor pedaço da galinha, a última empadinha da travessa, a cereja do bolo e, se a mãe se distrair, ele pede, com olhos doces, aquele brinco de pérola verdadeira que ela ganhou quando fez quinze anos para dar à sua eleita. E o pior: ela é bem capaz de dar. A cada atenção do filho para com a namorada, a cada “meu amor”, a mãe sente uma punhalada no coração, mas tem de sorrir e fingir que está muito feliz. Francamente, amor de mãe é normal?

Todo filho, quando fala ao telefone com a mãe, termina sempre com um pequeno comentário do tipo “ai, como minha mãe fala” – a não ser que seja um assunto do interesse dele, claro. Você já ouviu falar de algum que tenha ido a um restaurante novo, comido uma coisa bem gostosa e dito “vou trazer minha mãe aqui, ela vai adorar”? Se dissesse, iria até pegar mal com os companheiros de mesa; mas isso se dissesse, o que nunca aconteceu na história da civilização.

As mães são delirantes e, quando estão em crise – e sempre estão -, pensam nas coisas mais absurdas, como por exemplo: se estivessem no Titanic e, no bote salva-vidas, só coubessem duas pessoas, é claro que ele salvaria a namorada e a deixaria morrer afogada. Essa mãe, no dia de uma grande briga – por ciúmes, claro -, disse ao filho que tinha certeza de que ele faria isso; ele ouviu estarrecido, mas não foi capaz de negar. Sinal evidente de que ela tinha razão.

Mas sejamos justas: alguns filhos são bem legais e às vezes telefonam para perguntar se podem aparecer para jantar. A mãe fica toda feliz, manda fazer aquele prato que ele adora e, no fundo, lá no fundo do coração, pensa, já animada: “Será que eles brigaram?” Afinal, no meio da semana, ele ir jantar sozinho deve querer dizer alguma coisa. Bota um vestido bem bonito, se arruma do jeito que sabe que ele gosta, mas não recebe um só elogio. E filho por acaso elogia mãe?

Ela oferece um drinque, ele prefere uma Coca-Cola, janta com a cabeça nas nuvens e, minutos depois do café, o celular toca. É ela, a outra, dizendo que o chá-de-bebê acabou e que ele já pode ir buscá-la.

O mundo é mesmo muito cruel.

Texto de Danuza Leão
Imagem daqui

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A primeira coisa que se espera de um amor é que ele dure para sempre. Com ou sem casamento - de preferência com -, num amor de verdade se colocam todas as fichas para que ele seja, no mínimo, eterno. Mas existe um tipo de amor que já nasce predestinado...