É comovente assistir, no final das tardes de domingo, ao programa Quer Namorar Comigo?, no SBT. E curioso: qual a razão que faz uma pessoa se arriscar a ouvir um não diante dos amigos, da família, dos vizinhos? Ser rejeitado entre quatro paredes já é duro; imagine ao vivo, e em cores, com o Brasil como testemunha, que situação.

São geralmente pessoas simples, que perguntam diante das câmeras, com ingenuidade (e com o Silvio Santos ao lado): “quer namorar comigo?” Câmeras, holofotes, plateia, menos romântico, impossível. Você teria essa coragem?

Porque é preciso coragem. Nas festas mais elegantes, entre pessoas inteligenres e sofisticadas – e com um uísque na mão, o que sempre ajuda -, é sempre um jogo complicado de querer-fingindo não querer, telefona-some, mostra interesse-desaparece. Ninguém se arrisca, com medo da rejeição, e as coisas tomam às vezes rumos tão complicados e difíceis de entender, que frequentem ente o resultado é nenhum; anos depois você pode até ouvir a frase “naquela época eu estava tão apaixonado por você”, e desmaiar de surpresa. São difíceis esses começos.

Já te aconteceu, claro, depois de ser vista com a mesma pessoa algumas vezes, ouvir a pergunta “vocês estão namorando?” e não saber o que responder. A vontade é dizer “pergunte a ele e venha me contar correndo”. E quando querem saber o que você vai fazer no Ano-Novo ou Carnaval e o outro ainda não falou sobre o assunto, responde o quê? Você pensa “vou esperar até dois dias antes, e se ele não falar nada, vou ver onde posso me encaixar”, mas como o mundo não comporta ranta sinceridade, o remédio é disfarçar, dizer que ainda está resolvendo. Nem providenciar um belo vestido você pode, e se dá tudo errado? Dá uma vontade louca de perguntar “afinal, estamos namorando ou não?” mas e a coragem?

Os amigos ficam exaustos de tanto ouvir as mesmas indagações. “Será quê? mas quando ele disse (ou deixou de dizer), será que não estava querendo dizer exatamente o contrário?” E as desculpas: “é que ele é inseguro (ou carente, ou culpado, ou neurótico)”. Todas são boas, ótimas, mas não chegam ao ponto. Uma encrenca lidar com pessoas; bichos e vegetais são mais previsíveis, mas será que vale a pena se apaixonar por um tomate?

Sentimentos são contraditórios, e por medo as pessoas têm medo de dizer o que estão pensando, o que estão sentindo. Quantas vezes você disse não, quando tudo que queria era dizer sim? Quantas vezes deixou de aceitar um convite para que ele não pensasse que você estava disponível demais? Ou recebeu com ar de tédio aquela proposta de um programa maravilhoso, só para não mostrar o quanto ficou feliz, o que poderia dar a ele segurança demais (o que ficou combinado que não pode, entre namorados).

Mas um dia você, homem, pode fazer tudo diferente; quando encontrar uma mulher que te interesse de verdade, mas muito mesmo, no lugar de fazer o jogo de sempre, seja original. Olhe nos olhos dela e pergunte: “quer namorar comigo?” Ela vai ficar desarmada diante de tanta sinceridade, e no mínimo vai achar que você é um homem diferente. Você também pode ouvir um não, claro, mas isso não mata ninguém: mais um, menos um.

Mas e se der certo? Já pensou, um namoro sincero, sem truques, espertezas, vitórias, derrotas? não é tudo o que se pode querer?

Texto de Danuza Leão
Imagem daqui

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É comovente assistir, no final das tardes de domingo, ao programa Quer Namorar Comigo?, no SBT. E curioso: qual a razão que faz uma pessoa se arriscar a ouvir um não diante dos amigos, da família, dos vizinhos? Ser rejeitado entre quatro paredes já é duro; imagine ao vivo,...