PARABÉNS, DILMA! FAÇA UM BOM GOVERNO

As coisas mudaram, e as mulheres conseguiram muita coisa, mas vamos ser sinceras: eles ajudaram, e muito. Temos que agradecer a esses homens generosos, que não só nos aceitam como somos hoje, liberadas, como ainda nos deixam pensar que conseguimos tudo sozinhas. Sem eles não teríamos, jamais, conquistado tantos direitos.

O direito ao trabalho, por exemplo. Nossas mães passaram a vida em casa, orientando as empregadas para que não faltassem os pratinhos prediletos, pregando botão nas camisas e rezando, protegidas da selvageria das ruas. Se eram felizes? Claro que não, e quem pode ser feliz ignorando o que se passa no mundo? Mas agora, ah, agora sim.

Como trabalham, elas têm que acordar mais cedo para servir o café e vestir as crianças para o colégio, mas em compensação sabem tudo sobre o conflito da Bósnia, os poços perfurados nas fazendas do deputado Inocêncio, a verba liberada para os dentes de ouro dos congressistas. Entraram no fluxo da vida, declaram Imposto de Renda, e eles, apesar de terem perdido muitos privilégios, compreenderam e aceitaram até mesmo que elas participem das despesas da casa, o máximo.

O sagrado direito a uma bebida (às vezes), até isso alguns entendem; mas, protetores por natureza, estarão sempre por perto controlando a hora de parar (mulher não sabe beber). No plebiscito, vão deixar que votem no que quiserem; são tão liberais que alguns até casaram com moças que não eram mais virgens, sem se incomodar. Dão permissão para que citem ex-namorados (com limites) e até toleram quando elas falam, suspirando, do tango dançado por Al Pacino. Houve um tempo em que nada disso podia, é bom não esquecer.

Outra conquista foi o direito de dividir as despesas no restaurante; nas viagens cada um paga sua passagem, e o hotel também é meio a meio. Foi difícil, mas eles enfim entenderam o quanto isso nos faria sentir seguras e independentes. Aceitam presentes numa boa e até flores se pode mandar, que coisa boa um homem que deixa aflorar seu lado feminino.

Quando vão ao cinema (e quem escolhe o filme?), enquanto eles procuram uma vaga, elas entram na fila e compram as entradas; nenhum, jamais, se lembrou de perguntar quanto foi, são distraídos. Se é fim de mês, com três notas na carteira, dá até vontade de falar, mas deixa pra lá, pode parecer mesquinharia coisa mesmo de mulher.

Elas têm total liberdade para escolher o colégio dos filhos e comparecer às reuniões de pais, ter conta no banco, cartão de crédito, trocar de empregada etc. Eles só interferem em assuntos mais sérios, tipo o itinerário da viagem, a cor da parede da sala e do sofá, a troca do carro etc., e com razão: mulher às vezes tem umas idéias meio loucas, é bom estar sempre de olho. Mas podem até deixar que elas viajem com uma amiga (dependendo do tipo de amiga, claro), desde que por poucos dias. De preferência para Nova York, de preferência com uma conotação de trabalho, tipo “preciso estudar as tendências, me reciclar”. Ilhas gregas, nem pensar.

Às vezes ela se sente cansada. Além de tudo que faz, tem a obrigação de estar sempre cheirosinha, gostosinha, de unha e cabelo feitos, de bom humor, e depois de dez anos isso cansa, ah, cansa. Um belo dia joga tudo pro alto e se atira na cama com uma revista, e se quando ele chega não tem jantar, tudo bem, trata-se de um homem que entende a alma feminina.

Mas tem aquele dia que nem revista, nem disco, nem livro, nem vodca, nada dá jeito. Ela fica calada olhando pro teto, e isso ele não suporta. Fica inseguro e repete a pergunta clássica: “pensando em quê?” Para evitar um clima ela disfarça, passa uma escova no cabelo e percebe que a mais preciosa liberdade a ser conquistada é mesmo o direito de ficar sozinha, pensando. Mas será que não está querendo demais?

Texto de Danuza Leão, uma mulher maravilhosa

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PARABÉNS, DILMA! FAÇA UM BOM GOVERNO As coisas mudaram, e as mulheres conseguiram muita coisa, mas vamos ser sinceras: eles ajudaram, e muito. Temos que agradecer a esses homens generosos, que não só nos aceitam como somos hoje, liberadas, como ainda nos deixam pensar que conseguimos tudo sozinhas. Sem eles...