Oi, pessoal!

Estou super sem tempo de escrever por aqui, produzindo muitos scraps, mas não queria deixar meu cantinho abandonado, não é?!

Então hoje trago aqui para vocês um texto de autoria de Danuza Leão, super pertinente para nosso momento atual.

Houve um tempo em que quando se perguntava a uma criança o que ela queria ser quando crescesse, a resposta variava entre artista de cinema, médico ou aviador. Anos depois, a moda era a arquitetura; depois veio economia, administração de empresas, isso para não falar do sonho eterno: ser funcionário público. Na década de 80, a meta suprema era ser cantor de rock ou ator da Globo, mas agora já se sabe: ser deputado é apenas a melhor coisa do mundo.

Poder, dinheiro, notoriedade, um futuro pra lá de garantido (aposentadoria com oito anos de casa), quem não quer? A grande dúvida: federal ou estadual? Estadual é jóia; não faz o sacrifício de trabalhar de terça a quinta (e em Brasília), e sem ninguém para controlar a frequência ao trabalho, dá até para pegar uma praia. Perde o auxílio moradia, mas tem o privilégio de morar na cidade mais bonita do mundo, e cada vantagem de dar gosto. No momento estão todos de carro novo, zerinho, com chapa fria e lugar privativo para estacionar em plena Santa Clara (motorista e 500 litros de gasolina por mês); melhor, impossível.

Para os que gostam de usar terno e gravata, uma verba especial para cuidar da elegância; eles pensam em tudo. Quem faz o gênero mais esportivo resolve com uma boa camisa desabotoada, o peito à mostra (sem precisar abrir mão da tal verba especial, é bom lembrar). Vai chegar o dia em que estarão todos de bermuda, sandália modelito Joãozinho Malta, eles merecem.

Deputados, sobretudo os federais, são vistos freqüentemente à tarde em programas de televisão, sob o pretexto de divulgar as idéias do partido; mas bater papo a tarde inteira, sentado entre um ginecologista e uma cantora, será que tem a ver?

Brasília oferece a vantagem das viagens internacionais. O senador Ney Maranhão só a Paris já foi 35 vezes e à China 5, tem melhor? Eles viajam muito e sempre em grupo para se inteirar do problema da aftosa na Índia, da condição dos drogados em Bruxelas, do cultivo da beterraba em Bangcoc; quando o itinerário interessa, levam as esposas, e alguns privilegiados conseguem integrar a delegação do Brasil na ONU.

São três meses no bem-bom, com passaporte vermelho, primeira classe, diárias altíssimas, assistência médica, dentária, telefone pago, e o direito de contratar um monte de assessores – dá pra arrumar a família toda – com salários maravilhosos. Aumentam os seus próprios, a imprensa chia e continua tudo exatamente igual. E melhor que tudo, exercem o belo sentimento da solidariedade: podem cometer qualquer tipo de crime, que dificilmente serão processados.

O que fazer para ser eleito? No Rio é fundamental ter um bom pé no futebol, no samba, em rádio/televisão. Se tiver trânsito em todas essas áreas, está resolvido.

Esta semana, o Congresso Nacional previu uma despesa de 3,2 milhões de dólares para viagens de parlamentares ao exterior. Oh, dúvida cruel: federal ou estadual?

Mas nada é perfeito, e hoje em dia, tiradas as honrosas exceções, confessar que é deputado está pegando mal. E se os ilustres não se mancarem, dentro de muito pouco tempo, quando alguém quiser ofender uma pessoa basta apontar, falando bem alto: “não adianta negar, você é deputado sim, posso provar”. Melhor sair de perto, vai ter gente querendo linchar.

Sinceramente: você deixaria sua filha namorar um?

http://www.sabrinamix.com/wp-content/uploads/2010/09/sabrinamix_brasil.jpghttp://www.sabrinamix.com/wp-content/uploads/2010/09/sabrinamix_brasil-150x150.jpgSabrina NunesBlogeleições
Oi, pessoal! Estou super sem tempo de escrever por aqui, produzindo muitos scraps, mas não queria deixar meu cantinho abandonado, não é?! Então hoje trago aqui para vocês um texto de autoria de Danuza Leão, super pertinente para nosso momento atual. Houve um tempo em que quando se perguntava a uma criança...