Você tem um amigo gay? Não? Pois não sabe o que está perdendo.

Só pra começar: eles são divertidos, bem-informados, alegram nossas vidas e estão sempre dispostos a tudo, a qualquer hora.

Há os que se dedicam mais à cultura, outros, à moda/beleza em geral, outros, à arte, e dificilmente você encontrará um gay, seja de que classe social for, burro ou ignorante (como diz o ditado popular, bicha burra nasce homem). Além disso são sensíveis, e, quando amigos, você pode contar com eles para qualquer coisa: em cinco minutos te encaixam naquela ala do Salgueiro, numa feijoada, ou na melhor mesa, na estréia daquele show maravilhoso. Se você precisar, descolam um camafeu com uma tia, um xale espanhol ou um boá de plumas vermelhas num piscar de olhos.

São muito alegres – claro. Difícil encontrar um gay que seja triste ou amargo. Não que sejam doces – isso também não. Digamos que sejam ácidos, o que faz deles personalidades bastante interessantes.

Por um extraordinário acaso do destino, costumam trabalhar de jeito a terem tempo para tudo – contanto que sejam coisas agradáveis, tipo almoços, jantares, festas, viagens; positivamente, não nasceram para a depressão.

Os que pertencem ao mundo gay são cheios de variados dons. Alguns, de um cacho de bananas, dois abacaxis e meia dúzias de laranjas fazem uma decoração de mesa que poderia ser fotografada para qualquer revista internacional. Outros têm um talento para tudo que diz respeito à beleza e em quinze minutos, com dois lenços, um tubo de purpurina e um estojinho de maquiagem, fazem de você uma princesa, sem gastar um só real. Tem o dom – mágico – da criatividade, e sem nenhum esforço transformam o que parecia triste e lúgubre numa linda festa.

Festa, aliás, é do que mais gostam; e quem poderia imaginar uma sem vários, vários deles? Antes que me esqueça: eles adoram um candelabro.

Do Brasil à Filipinas, do Alasca às Ilhas Canárias, tem suas deusas – que veneram. São eternos apaixonados por Marilyn Monroe, Marlene Dietrich, Carmem Miranda, Bethânia, Emilinha Borba, Maria Callas, Maysa, Judy Garland, Dalva de Oliveira e, a maior de todas, – Sarita Montiel. Já viram La violetera milhares de vezes e nunca perderam um só concurso de miss desde que Marta Rocha apareceu. Sabem com precisão em que ano cada uma foi eleita, de que estado era, quem ficou em segundo lugar, quem foi a Miss Universo. E como estavam vestidas, inclusive o traje típico.

Eles levantam qualquer astral, e mais do que tudo, nos entendem – ah, como nos entendem. Quando uma mulher começa a se queixar de um homem, das indelicadezas de que eles às vezes são capazes, quem melhor para nos compreender? Quem melhor para nos aconselhar, obrigar a botar um salto alto, um rímel e ir à luta? “Sofrer por homem, minha filha? Xô”.

Às vezes, quando chega o marido falando em bolsa (de valores), a aliança entre o PFL e o PSDB, as CPIs, que vontade de ser casada com um gay. Um meio gay, digamos.

Neles se pode confiar, mas, por mais que te adorem, você corre sempre o risco de virar as costas e pintar um comentário tipo “nossa, como nossa amiga está gorda” – com o maior carinho, é claro. Mas, tirando sua mãe, dá pra confiar em alguém de verdade? E quem seria a santa incapaz de fazer um comentário desses? Sua melhor amiga, por acaso?

O único grande, grande perigo, é que ninguém, mas ninguém neste mundo, tem a memória prodigiosa de um gay. Eles se lembram de tudo: do dia, mês e ano em que Rita Hayworth esteve no Brasil, de todos os detalhes do crime do Sacopã, do ano em que Gigi da Mangueira pisou pela primeira vez na avenida.

Lembram também de tudo que aconteceu na sua vida – até mesmo das coisas que você esqueceu: o ano do seu nascimento, por exemplo.

E nisso eles são implacáveis.

Texto de Danuza Leão
Imagem Getty Images

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Você tem um amigo gay? Não? Pois não sabe o que está perdendo. Só pra começar: eles são divertidos, bem-informados, alegram nossas vidas e estão sempre dispostos a tudo, a qualquer hora. Há os que se dedicam mais à cultura, outros, à moda/beleza em geral, outros, à arte, e dificilmente você...